domingo, 9 de outubro de 2011

Leituras

Outro dia estive na Livraria Cultura e, apesar de já conhecer, a extensão da área dedicada a artes em geral e ali pertinho a seção de moda me impressionou. 

Na minha faculdade, o curso de Design de Moda é, sem dúvidas, a menina dos olhos. Porém, a biblioteca deixa muito a desejar sobre o assunto. Outro dia precisei fazer um trabalho da disciplina "Fibras e fios" sobre o asbesto (amianto) e fazendo uma pesquisa no computador do acervo, descobri que só havia um livro sobre fibras ali, e esse tratava apenas do algodão. O Google também não foi muito útil e a abordagem do amianto como fibra têxtil era mínimo, sendo tratado quase que majoritariamente em sites de medicina, já que essa fibra é altamente cancerígena. 

Uma vez descoberta a fragilidade da biblioteca da minha faculdade, hoje foi a minha primeira visita à Livraria Cultura, o que me fez tomar uma decisão: daqui pra frente, quando precisar pesquisar sobre moda, pesquisarei ali.

Essa visita cultural também me fez perceber que tenho um vício de comprar livros, quase uma tara, e muitas vezes sequer os leio. O que me fez tomar uma outra decisão: iniciar uma seção aqui no blog falando sobre leituras interessantes sobre moda. Tenho livros e mais livros sobre o assunto e já estava mais do que na hora de começar a lê-los. Hoje comecei a leitura de "Estudar a moda - Corpos, vestuários, estratégias", organizado por Paolo Sorcinelli.


O livro é na verdade um apanhado de textos sobre moda vista sob as mais diferentes perspectivas: história da moda, marketing em empresas de moda, jornalismo de moda, artes decorativas e moda, dentre outros. São 17 textos escritos por estudiosos de diferentes áreas, cada um com sua visão do assunto.

O primeiro texto - o único sobre o qual eu posso falar até agora - foi escrito por Maria Giuseppina Muzzarelli, professora de história medieval, história das cidades e história da indumentária e da moda na Universidade de Bolonha, além de haver publicado alguns livros sobre o tema. 

O texto é intitulado "Um outro par de mangas", fazendo uma referência à expressão ainda usada na atualidade (pelo menos na Itália, de onde veio o livro original, que foi traduzido pela Editora SENAC), que "nasceu da prática medieval de substituir, na mesma roupa, um par de mangas frequentemente elaboradas, preciosas e vistosas, por outro igualmente suntuoso, e capaz de chamar a atenção a ponto de fazer com que a mesma roupa parecesse uma peça diferente. (...) Hoje, 'um outro par de mangas' quer dizer que se trata de outra coisa completamente diferente."    

"Um outro par de mangas" fala sobre a moda na Idade Média, sobre a importância social que ela tinha e sobre o dinheiro não comprar tudo, já que as leis suntuárias determinavam quem podia usar o que, uma vez que as roupas diziam a que classe pertencia aquele que as usava, a proveniência regional e até mesmo o estado de ânimo. 

Achei interesante uma passagem do livro que diz "Não bastava dispor dos recursos econômicos necessários para adquirir capas suntuosas e cintos cravejados de gemas para podê-los exibir: o dinheiro não podia comprar tudo, ou se comprava não consentia a qualquer um vestir qualquer peça de roupa". Vale lembrar que na Idade Média surgiu uma nova classe social: a burguesia. Os burgueses não eram nobres, mas construíram um patrimônio com o comércio. Eram os novos ricos da época, mas nem por isso tinham acesso aos mesmos luxos da nobreza.

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